O coral croata Metaklapa, que mistura tradição e peso ao apresentar versões a cappella de músicas do Iron Maiden, está prestes a desembarcar no Brasil. Com apresentações marcadas em teatros e ambientadas à luz de velas, o grupo promete uma experiência mais intimista, mesclando a herança vocal do canto tradicional croata com clássicos do heavy metal.
Em entrevista ao canal do jornalista Gustavo Maiato, os vocalistas Dino e Davor contaram como foi o encontro com o próprio Steve Harris, baixista do Iron Maiden, em um festival na Alemanha. “Estávamos almoçando quando o vimos num restaurante. Fomos até ele e falamos: ‘Senhor Harris, somos um grupo vocal da Croácia que canta Iron Maiden a cappella. O senhor gostaria de ouvir uma?’”, relembra Dino.
Mesmo surpreso com o convite, Harris aceitou. “Ele disse: ‘Deixem-me terminar o almoço e com prazer eu escuto vocês’”, continuou. Segundo Dino, o músico britânico ficou visivelmente desconfiado sobre o que ouviria, já que se tratava de um estilo vocal sem instrumentos. Mas a reação foi imediata: “Depois que cantamos, ele disse: ‘Parabéns, foi ótimo. Nunca ouvi nada assim antes.’”
Iron Maiden a capella?
Davor, por sua vez, explicou as raízes do projeto. “Somos todos cantores de klapa, uma forma tradicional de canto a cappella do sul da Croácia. Um produtor nos sugeriu gravar Fear of the Dark nesse estilo. Em 2016, gravamos a primeira versão, ainda com três integrantes. Com o tempo, viramos um grupo completo com seis vozes e criamos o Metaklapa”, explicou.
O klapa é um canto coral multivocal típico da Croácia, reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial pela UNESCO. “É diferente do folclore engessado. O klapa evolui. Há festivais de novas composições todos os anos. Por isso, adaptar o Iron Maiden não é algo absurdo. Pelo contrário, é natural. A música da banda é extremamente melódica, cheia de camadas, como o klapa também é”, afirmou Davor.
Além das músicas do Maiden, o repertório da banda hoje inclui interpretações de artistas como Helloween, System of a Down, Motörhead e até Angra. “Temos orgulho de manter nossas raízes enquanto levamos algo novo e desafiador para o público”, disse Dino.
Sobre os desafios técnicos, Davor revelou que o maior deles é adaptar a voz de Bruce Dickinson. “Ele tem um alcance vocal imenso, canta muito alto e também muito baixo. Precisamos encontrar formas de adaptar essas variações ao nosso grupo de seis vozes sem perder a intensidade da canção.”