Eric Clapton já era um dos guitarristas mais celebrados do mundo nos anos setenta. Tinha passado por Yardbirds, Cream, Blind Faith e já acumulava um prestígio que poucos músicos de sua geração alcançaram.
Mesmo assim, isso não o impediu de lançar álbuns que, aos seus próprios olhos, deixaram a desejar. Um deles, em especial, marcou Clapton por um motivo incômodo: ele só gostava de uma faixa.
Lançado em 1978, “Backless” veio na esteira de Slowhand, que havia garantido a Clapton um novo fôlego comercial. Mas apesar do sucesso relativo, o guitarrista nunca escondeu o desânimo com o resultado do disco seguinte. Anos depois, ele foi direto: “Consegui salvar uma música ali, ‘Golden Ring’, que acho que é a mais forte do álbum. Escrevi porque estava de saco cheio da apatia geral de todo mundo envolvido.”
Na época, o músico ainda contava com Carl Radle, seu ex-companheiro do Derek and the Dominos, mas sentia que ninguém parecia muito interessado. “Levei a música, falei ‘vamos fazer isso, aprendam e gravem’, e pronto. Entrou no disco assim mesmo”, relembrou. O desabafo não era só sobre o disco em si, mas sobre o clima das gravações, que ele classificou como apático e desinspirado.
A fase não ajudava. Clapton estava imerso no uso de substâncias, e depois reconheceria que conseguia até identificar quais drogas havia usado apenas ouvindo sua própria voz nas gravações daquela época. O resultado eram álbuns com boas intenções, mas que soavam mornos, especialmente para alguém que já havia sido tratado como o “Deus” da guitarra.
Com o tempo, ele voltaria a se encontrar, especialmente na década seguinte com discos como “Behind the Sun”, ou em momentos acústicos mais contidos como no “Unplugged”. Mas para ele, “Backless” continua sendo o ponto mais fraco da discografia, salvo por uma única faixa que escapou ilesa.